sexta-feira, junho 30, 2006

Tristeza e desilusão...

Alemanha vs Itália

O Alemanha - Argentina teve um início intenso. Em cinco minutos, Podolski pegou-se com Mascherano, Klose com Riquelme - este incluíu direito a festinha por parte do argentino -, Ballack com Heinze, Podolski reencontrou Mascherano e Schenider foi chatear Heinze. O jogo prometia mas alguém lá convenceu os rapazes a preocuparem-se com a bola. Klinsmann colocou Frings - grande jogo - em cima de Riquelme e o futebol argentino emperrou. Rodriguez surgia menos activo e, perante a dificuldade encontrada na construção ofensiva, os argentinos optaram por priveligiar o controlo da posse de bola. Atrás, com o regresso ao falso lateral direito, a dupla polaca foi neutralizada, enquanto Mascherano e Lucho impediam o surgimento de espaço para os perigosos remates de segunda linha dos germânicos. Até ao intervalo, tirando uma ou outra inciativa, inconsequente, de Tevez, nada a registar. Na segunda parte, os alemães entraram mais determinados mas viram Ayala inaugurar o marcador. A Alemanha reagiu bem ao golo e continuou a pressionar, sem conseguir penetrar na área sul-americana. Os argentinos, claramente em contenção - acentuada pela estranha opção de Pekerman... compreende-se a retirada de um apagado Riquelme mas não se percebe a permanência de Aimar no banco -, controlavam as operações e, através das alas, mantinham a defesa alemã em sentido. Até que Coloccini adormeceu e permitiu que Balack recebesse, completamente só, uma bola no flanco esquerdo. Com a defesa argentina já descoordenada, cruzamento, desvio no centro da área e Klose a facturar ao segundo poste. Enorme balde de água fria e Pekerman sem poder mexer na equipa. O prolongamento decorreu sem grandes incidências. Os argentinos actuaram em contenção nos primeiros quinze minutos e partiram para o ataque nos restantes. Tarde demais. Os alemães fechavam bem e mostaravm-se mais confiantes. Os penalties comprovaram isso mesmo.
Os italianos puseram fim à estreia histórica da Ucrânia e dedicaram a vitória a Pessoto. A Itália entrou muito bem no jogo e dominou em toda a linha, não dando qualquer possibilidade ao adversário. Pressionou forte, trocou bem a bola e manteve, sempre, o jogo no meio-campo adversário. Buffon teve a sua primeira intervenção, após ressalto, aos 40 minutos de jogo! A Ucrânia melhorou bastante após o intervalo e entrou a criar muito perigo, explorando as falhas de Grosso, que, hoje, esteve muito mais activo nas tarefas ofensivas. Esta mutação ucraniana tornou o jogo bastantes interessante, já que os italianos continuavam fortes e procuravam a baliza adversária. A Ucrânia não se amedrontou com a desvantagem entretanto ampliada por Toni e foi atrás do empate, mas a eliminatória acabou por ficar decidida após as alterações de Lippi. Ainda os ucranianos tentavam perceber como a Itália iria gerir a presença de três laterais em campo e já Zambrotta fazia uma excelente incursão pela esquerda, oferecendo mais um golo a Toni. Até final, simples gerir do resultado.

Brasil vs França

O Gana entrou com vontade de jogar de igual para igual com o Brasil mas viu o jogo ficar praticamente sentenciado aos 4 minutos. Um golo à Ronaldo, que poucos minutos depois, teve direito a ouvir o seu nome gritado pela multidão. O 'Gordo' morrera ali. O Brasil optou por se manter mais recuado e esforçou-se por manter o ritmo baixo, entregando o domínio de bola ao adversário, mas controlando o jogo e lançando perigoso contra-ataques nas costas de uma defesa demasiado subida. Mas esta estratégia chegou a revelar-se perigosa. Após o remate de Eric Addo - primeiro sinal de perigo ganês - os africanos motivaram-se e as desconcentrações defensivas do triângulo Emerson-Juan-Lúcio permitiram que o Gana começasse a assumir o jogo com o habitual futebol apoiado em passes curtos. E estava-se nesta dúvida do domínio imposto ou consentido, quando o Brasil matou o jogo. Mesmo à beirinha do intervalo, como se exige. A segunda parte foi idêntica, embora a entrada de Gilberto Silva tenha permitido ao Brasil uma maior segurança defensiva. O Ghana voltou a mostrar um futebol agradável mas a fragilidade ofensiva obriga-os a regressar mais cedo. Esta selecção, com um Drogba ou um Dindane, certamente faria a diferença. O jogo fica ainda marcado por duas jogadas algo caricatas. Aos 29, uma grande jogada de contra-ataque nasce de uma fífia do guarda-redes Kingston. Excelente, até arrepiante, a forma calma como Mensah sai a jogar num lance de aflição defensiva.Depois, a jogada do golo de Zé Roberto. Tudo começa com os assobios germânicos perante as trocas de bola entre Juan e Lúcio, prossegue com os olés brasileiros num bailado a meio-campo e termina com aquela abertura fabulosa de Ricardinho!
Ejeculação precoce. É isto que define a Espanha. Anda dois anos a vangloriar-se das suas conquistas (inexistentes) e na hora da verdade não aguenta a pressão. A primeira parte foi muito equilibrada, com ambas as defesas a superiorizarem-se aos avançados, fruto das cautelas com que as selecções entraram em campo. O momento do jogo acabou por ser o golo espanhol. 'Nuestros hermanos' ficaram algo dormentes e, quase de imediato, permitiram que os experientes franceses lhes despejassem um balde de água fria com requintes de malvadez. Grande passe de Vieira, grande golo de Ribery. A Espanha nunca mais se encontrou e a manha dos franceses fez a diferença. Domenech, apesar daquele ar de pateta que o caracteriza, esteve muito bem no banco e Zizou, que geriu o jogo com brilhantismo, mesmo no fim, colocou um sorriso nos lábios de todos os que gostam de futebol. Mais um jogo, grande mago!

Itália vs Ucrânia

Apuramento suado, mas merecido, por parte dos italianos. Foram superiores nos primeiros 50 minutos, não foram inferiores nos restantes 40. Aos 3 minutos, já Toni cabeceava a rasar o poste. Primeiro indício de total domínio dos transalpinos. A Itália oferecia a posse de bola à Austrália mas era a única a criar oportunidades de golo. E foi uma mão cheia contra um único remate inconsequente da Austrália. A abrir a segunda parte, novamente aos 3 minutos, Toni rematou por cima da barra. Parecia que tudo iria permanecer igual até que a Itália se viu reduzida a dez elementos. Hiddink podia sonhar com a continuidade em prova e, quiçá, alcançar a sua terceira semi-final consecutiva. Mas apesar das maiores dificuldades em sair para o ataque, a squadra azurra continuou a fechar bem os espaços para a sua baliza e, aqui e ali, ia mostrando os dentes aos australianos. A bem da verdade, só após a entrada de Aloisi é que os 'socceroos' conseguiram apertar a Itália e incomodar Buffon. Só que os transalpinos ainda conservavam forças e Grosso, na única vez que subiu à área adversária - pelo menos em lance corrido - sacou a grande penalidade. Recuando a 2002, Hiddink ainda lhes deve uma.
A Ucrânia continua a fazer história após vitória na primeira decisão por penalties da competição. Sheva falhou o primeiro, mas os suiços revalaram pontaria desastrosa: três remates falhados e regresso a casa da única equipa que não sofreu golos neste Mundial. Dizem que o jogo foi uma merda. Ainda não houve oportunidade, com excepção das grandes penalidades, para espreitar o VHS...

terça-feira, junho 27, 2006

manifesto politicamente incorrecto



Acreditem que nao sao mais criticos do homem [do Scolari] que eu, mas acima dele está o País e quem não consegue sentir o País numa situaçao destas nao merece respeito.

Fiquei sem palavras após ler este comentário no BnR B. Isto é a hipocrisia no seu estado mais puro - o da ignorância.

Pensei até que estivéssemos a conversar sobre qualquer coisa importante para o País (aqui sim, com letra maiúscula, não naquele contexto) - a educação, a qualidade de vida, a saúde, a cultura, a nossa (quase universal) língua portuguesa, o dinheiro (muitas vezes classificado como "défice"), o desemprego, e por aí adiante.

Mas não. Estamos a falar de futebol. Como é possível colocarem as coisas nesses termos? Eu (ou outra pessoa qualquer), por não vibrar com a Selecção Nacional de Futebol, não mereço "respeito"?

Mais: o que é «ser patriota»? É beber cerveja em frente à televisão, enquanto se assa um chouriço enrolado numa bandeira portuguesa? É dizer que o árbitro Ivanov (que se meteu numa missão impossível - apitar e ajuizar bem) é um ladrão corcunda e sanguinolento? É buzinar durante duas horas pela estrada fora com a GNR a fechar os olhos? É subir ao Marquês de Pombal, qual Camões de rascunho nos dentes (e cair)? É dizer, com-todas-as-letras, que «o Deco foi mal expulso»?

Eu não sei o que é ser patriota. Agora, sei que esta febre futeboleira tem muito pouco de portuguesa, irlandesa, brasileira ou chinesa (ou não, no caso destes últimos). Sei, também, que colar uma bandeira no parapeito da marquise, de dois em dois anos, tem muito pouco de patriota - e muito, mas mesmo muito, de saloio (com todo o respeito para o pão).

E este meu sentimento é independente de vários factos: o Scolari é um grande treinador; Portugal tem uma boa equipa (para não embandeirar em arco); também vibro e também gosto de ver os jogos da Selecção, não me coibindo de criticar quando é criticável e de apontar o dedo quando considere que o devo fazer (e isto também vale para a minha verdadeira "pátria" - o Sport Lisboa e Benfica); que a FPF (para qual eu contribuo) preparou bem esta competição, ao contrário de outros exemplos recentes.

(aproveito para deixar um link para um artigo de OPINIÃO sobre este tema)

segunda-feira, junho 26, 2006

Oi, meu nômi é Luis dji Camões!

Inglaterra vs Portugal

Estou em divórcio litigioso com aquela que, até ontem, era a minha selecção europeia preferida. O que os holandeses ontem fizeram, foi baixo de mais, agravado pela tentativa de branquear a questão por parte de Marc Van Basten, jogador que tanto admirei. Pode ser que o romance renasça por alturas do próximo Mundial. Para já, no que toca à caminhada para o Euro'08, estimo bem que se fodam. E por cá, espero que certo senhor pense duas vezes antes de voltar a criticar-nos com exemplos lá da terra. Não somos santinhos, mas eles também não são exemplo.
Portugal entrou muito mal no jogo, mas logo se percebeu a disponibilidade para lutar pelo resultado. O próprio golo é um exemplo de raça, esforço e espírito de sacrifício. O puto Ronaldo, já lesionado, fez gato sapato dos laranjas e iniciou a jogada que culminaria com o golo da vitória. Costinha, infantilmente, dificultou-nos, e muito, a vida, mas Scolari voltou a mostrar ser exímio na hora de mexer na equipa. Muitos dirão que fez o óbvio, mas quantas vezes não vimos treinadores questionarem a lógica nestes momentos? Mal esteve Van Basten, que na hora de retirar um defesa, optou por deixar aquele caceteiro que já escapara à expulsão. E Figo deu-lhe a lição. Mas mesmo em inferioridade numérica, Portugal foi sempre um bloco unido e coeso - ontem, muito me lembrei de certa noite norueguesa, onde uma infantilidade de Nuno Gomes forçou Tiago, Petit e Simão a esforço redobrado - e nunca se inibiu de mostrar que a baliza de Van der Sar se mantinha um objectivo. Talvez por isso, os deuses da sorte nos tenham premiado. Portugal arrisca-se a ter quatro baixas para os quartos de final - veremos o que se passa com Ronaldo e se algo poderá acontecer a Figo -, mas se continuar a jogar com a entrega de ontem, não há bife que valha a Eriksson.
O próximo adversário de Portugal também entrou mal na partida. Eriksson optou por Rooney na frente de um triângulo de vértice defensivo, mas nunca se percebeu a quem cabia pautar o jogo da equipa. Gerard e Lampard andavam nessa indecisão, enquanto Cole e Ferdinand seguravam as coisas na rectaguarda. O Equador jogava de forma mais expectante e, ainda assim, era a única equipa a criar algum perigo. Após o intervalo, os sul-americanos entraram ainda mais cínicos, preocupando-se apenas em fechar os caminhos para a baliza e aguardando pelo erro britânico... que não seurgiu. O que surgiu foi um livre bem à medida de Beckham, que, mais uma vez, responde em campo às considerações da crítica. A Inglaterra passou então a gerir a posse de bola e o Equador, apesar da boa vontade, apresentou poucos argumentos para reverter o resultado. Contudo, pelo que os ingleses pouco fizeram, os jogadores andinos mereciam mais meia hora de futebol.

sábado, junho 24, 2006

Alemanha vs Argentina

Está definido o primeiro jogo dos oitavos de final. Um clássico em que se voltam a encontrar duas selecções que marcaram a passagem dos anos 80 para a década de 90. As camisolas verdes da RFA, o golo de Burruchaga, Maradona erguendo a taça em 86 ou insultando os italianos que assobiavam o hino em 90, o penalty de Bhreme ou os protestos de Troglio, são momentos que imediatamente nos invadem a memória.
Os anfitriões foram os primeiros a apurarem-se. O Alemanha - Suécia marcava o encontro entre duas equipas com esquemas tácticos idênticos e em crescendo de forma. De um lado, uma equipa que ganhou consistência com o evoluir da competição e que parecia afastar os fantasmas da fragilidade defensiva. Do outro, um conjunto de avançados poderosos que vinha eliminando os problemas da finalização. Mas a Alemanha foi forte de mais para esta Suécia. Uma entrada avassaladora garantiu a Podolski dois golos em que também brilhou o génio de Klose. Aí está uma dupla de avançados temível e uma selecção que, afinal, será mais forte do que mostrou inicialmente. A Alemanha continuou a imprimir um ritmo forte e a dar oportunidade a Isaksson para se cotar como o melhor em campo, só abrandando a partir da expulsão de Lucic. A Suécia ainda teve uma oportunidade de voltar ao jogo, mas Larsson, inesperadamente, despediçou de forma absurda um penalty, pelo que os anfitriões, sem esqucer a baliza sueca, controlaram serenamente as operações até ao apito final.
No jogo da noite, Pekerman preferiu Scaloni a Coloccini e a Argentina assumiu o 4-4-2. Por sua vez, o México fez várias alterações, entre as quais se destacaram a inclusão de uma dupla de atacantes mais fixa e a nova gravata de La Volpe. O México entrou a todo o gás e rapidamente chegou a vantagem. Os argentinos, mesmo atordoados, responderam de imediato com um oferta de Borgetti. Após o golo, o meio-campo celeste esforçou-se, e acabou por conseguir, reduzir o ritmo da partida, mas nem por isso assumiu as rédeas do jogo. Possíveis razões: excessiva ansiedade; medo de ser surpreendido pelos ataques adversários; inadequação táctica à progressão em toque curto que tanto apreciam os seus jogadores. Com Scaloni no lado oposto, Sorin foi mais tímido nas subidas e o próprio Cambiasso surgiu menos vezes junto da área adversária. Primeira vitória do México: quase inconscientemente, reduzir a presença atacante adversária a quatro elementos. No segundo tempo, Pekerman demorou demasiado tempo a mexer. Com Riquelme sempre controlado, a Argentina raramente encontrou soluções para entrar na área mexicana. Aimar, e também Tevez, deveriam ter entrado muito mais cedo. Já com Messi em campo, a Argentina forçou nos últimos minutos, mas o prolongamento revelou-se inevitável. O equilíbrio manteve-se e só Maxi Rodriguez o desfez, acabando por superar Joe Cole na espectacularidade da execução do seu remate. O México deixa boa imagem e atinge, pela quarta vez consecutiva os oitavos de final da competição. Curiosamente, foi frente a candidatos ao título - Alemanha, no França'98, e Argentina, agora - que esteve mais perto de seguir em frente.

Finalmente, a magia brasileira apareceu

Com Robinho e Juninho, tudo muda no futebol da canarinha. Ronaldinho ganha alegria, a selecção ganha mobilidade e até Ronaldo volta aos golos. Mas também Gilberto Silva assume grande importância nesta transformação. Mais móvel e disponível fisicamente que Emerson, o jogador do Arsenal dá maior confiança aos seus colegas para subirem no terreno. Zé Roberto, que se vinha cotando como o melhor brasileiro nos dois primeiros jogos, pode subir ainda mais de rendimento com a inclusão do 'gunner'. Desta forma, parece inevitável que Parreira venha a retirar Adriano e moldar o propalado quadrado mágico. Seja com o recurso à duple amerengue, seja com a entrada de Pernabuncano e consequente avanço de Ronaldinho Gaúcho. Com cinco alterações no onze inicial, o Brasil trucidou os japoneses, que só no a meio da primeira parte conseguiram uns minutos para respirar. Curiosamente, nesse período, conseguiram também um golo, resultante de uma excelente diagonal de Tamada, que assim materializou a bela jogada de Santos. Com a canarinha passa a Austrália de Hiddink, que continua a abrilhantar o seu currículo nos Mundiais de futebol após empate sofrido perante uma Croácia com reforço britânico. A tripla amarelação de Simunic entra para as memórias dos Mundiais.
O capitão italiano pediu uma equipa mais defensiva e Lippi fez-lhe a vontade. Não apresentou o catennacio recomendado por Cannavaro, mas retirou um avançado para reforçar o meio-campo. A Itália até foi a primeira equipa a acercar-se da área adversária, mas foram os checos, através de Baros, a criarem a primeira oportunidade. A squadra azzurra denotava dificuldades na saída para o ataque e a República Checa montou o cerco à baliza de Buffon. No entanto, só de meia-distância, sempre por Nedved, conseguia incomodar o guarda-redes. Por volta dos vinte minutos de jogo, o meio-campo italiano, muito bem comandado por Andrea Pirlo, começou-se a impôr, equilibrando a partida. A tarefa ficou facilitada pouco depois, com um cabeceamento de Materazzi que matou o jogo. Na segunda parte, já em superioridade numérica, a Itália geriu com naturalidade e nem o ressurgimento de Rosicky, tentando, juntamente com Jankulovski e Nedved, levar a equipa para a frente, valeu aos checos. À mesma hora, os norte-americanos desperdiçaram a hipótese de reencontrar Parreira e tentar vingar a eliminação de há 12 anos. Numa partida que nem sempre foi bem disputada, os ganeses revelaram-se superiores e alcançaram uma vitória justa, mesmo que assente num erro de arbitragem.
Ontem, a Espanha B confirmou o primeiro lugar do grupo H com uma exibição segura, embora em ritmo de treino. Tirando a vontade, expressa em campo, de Joaquim e Reyes, entrarem nas contas de Luis Aragonés para o onze inicial, poucas ilações se retiraram da segunda linha espanhola. Só os nomes nos dizem que 'nuestros hermanos' apresentam o melhor plantel desta prova. Mas se na primeira parte a Espanhola ainda criou vários, lances de perigo, o mesmo não aconteceu na segunda metade, onde só Cañizares teve algum trabalho. A Arábia Saudita deixa o Mundial com uma imagem muito mais positiva que há quatro anos. Pena que o árbitro auxiliar desta partida não tenha permitido a Jaber a hipótese de se despedir dos grandes palcos com um golo. A Ucrânia, fruto de um penalty convertido por Shevchenko, acompanha os espanhóis.
O grupo F apurou as equipas francófonas. Com Trezeguet ao lado de Henry, a França entrou ao ataque desde o início, criando inúmeras oportunidades de golo que só esbarraram na recuada defensiva togolesa e no guarda-redes Agassa. O Togo raramente conseguiu sair eficazmente para o contra-ataque e Barthez só teve que se aplicar por uma ocasião em toda a primeira parte. Ainda assim, a rapidez togolesa impunha respeito aos gauleses, cujos laterais raramente se juntavam às manobras defensivas. Na entrada para a segunda parte, os togoleses pareciam mais apostados em surpreender a França, mas Henry, Ribery e Cia. não abrandaram o ritmo e em quinze minutos, Vieira e Henry alcançaram o resultado que Zizou tanto precisava para adiar a sua reforma. Já os suiços, exceptuando os minutos inciais da segunda parte, dominaram em toda a linha, assegurando a passagem como vencedores do grupo. Apesar de toda a polémica, o árbitro esteve bem na validação do segundo golo.

quinta-feira, junho 22, 2006

primeira (de) mão



Katsouranis já é do Benfica (desde pequenino).

As reservas tremeram

Após uma boa meia hora inicial, Portugal adormeceu à sombra da vantagem alcançada. O México reduziu num lance a que os benfiquistas já estiveram habituados na era Camacho. Canto para o centro da área e Tiago a ser batido pelo adversário que marcava. Após o intervalo, a selecção foi claramente prejudicada pela arbitragem e nunca se conseguiu recompor do infortúnio da superioridade numérica. Completamente dominada pelos aztecas, só na frente, mais a partir da saída de Hélder Postiga, deu um arzinho da sua graça. Simão Sabrosa foi o único reservista a assumir-se como opção válida para o onze. Os mexicanos lutaram até ao fim e mereciam melhor sorte. Ainda assim, La Volpe vai continuar a exibir a sua bela gravata nos estádios germânicos.
Angola lá se foi, mas sem que antes marcasse o golinho da praxe. O seu futebol ainda carece da qualidade suficiente para estes palcos, mas a verdade é que fez dois pontos e bateu o pé a dois adversários superiores. Confesso que esperava um pouco mais dos iranianos.
À noite, um dos jogos que, no papel, maior espectáculo proporcionaria, foi traído pelo facto de tudo já estar praticamente decidido. Ainda assim, a qualidade dos jogadores permitiu um ou outro desenho interessante - especialmente da parte dos argentinos, já que a holanda apenas se tornou mais perigosa no último quarto de hora - e o nulo poderia ter sido desfeito.
A Costa do Marfim despede-se com uma bela vitória. A entrada adversa não os desanimou e Dindane conduziu a equipa a uma brilhante e merecida reviravolta. A execução de Dindane na grande penalidade (apenas perceptível na reptição) é magistral!
Na véspera, a Alemanha conquistou o primeiro lugar do grupo A, numa partida em que os equatorianos até foram os primeiros a chegar à baliza adversária, após boa jogada iniciada por mendez. kaviedes chegou tarde ao cruzamento. A Alemanha adiantou-se num golo muito consentido por uma defesa que, desta feita, se revelou demasiado apática e, a partir daí, o jogo só teve um sentido. O melhor do jogo: o fantástico passe picado de Ballack para o segundo golo germânico.
No grupo B, Inglaterra e Suécia garantiram os seus objectivos num jogo intenso e bem disputado, que ficou marcado pelo grande golo de Joe Cole. Na segunda parte, a Suécia inverteu o domínio do jogo e Alback, depois de tanto desperdício nos dois primeiros jogos, fez o empate num desvio perfeito na quina da pequena área. Nos dez minutos que se seguiram, os suecos continuaram a mostrar o seu poderio nas bolas paradas e a trave protegeu Robinson em duas ocasiões: cabeceamento de Larsson, num gesto similar ao de Alback, e remate de Mellberg. A Inglaterra reforçou o meio-campo com Gerard, que entrou para negar o golo certo de Karlstrom. A partir daqui, os ingleses recuperaram o controlo da partida e fizeram o 2-1 num excelente cabeceamento de Gerard, após mais uma demonstração de classe de Joe Cole. O empate chegou, de forma justa, ao cair do pano. As esperanças da Trinidad & Tobago esbarraram no orgulho paraguaio, que não aceitou regressar a casa sem uma vitória. Jack, que fez recordar Rene Higuita, foi a figura do jogo.

segunda-feira, junho 19, 2006

Acabou a mama

Fim de férias e regresso ao trabalho. A partir de agora, com a natural excepção das folgas, Mundial, só pelos resumos ou em VHS.

E a França não ganha...

Mais um jogo, mais um empate, cinco jogos sem ganhar num Mundial. Vale aos franceses que Henry conseguiu pôr fim ao jejum de golos. A França nem esteve mal. Marcou cedo, impôs o seu ritmo e procurou ampliar a vantagem com calma, sempre atenta à rapidez sul-coreana. E a estratégia até deu resultado durante 70/75 minutos, até que Ahn entrou e a Coreia do Sul se atirou para a frente de peito cheio, empatando o encontro graças a uma estranha hesitação de Gallas. A imagem de Zidane depois de ser substituido é o espelho da frutração gaulesa apóes este resultado.
E o Brasil lá conseguiu jogar pior que na estreia. Não deixa de ser curioso que a selecção que mais soluções tem, seja aquela que menos ideias apresenta. Contudo, as soluções existem... e ganham jogos. Bastou uma simulação de pernas do 'Gordo', entre três adversários, e um remate fraco, mas colocado, de Adriano para garantir a vantagem. A partir daqui, e até à entrada de Robinho, só deu Austrália, mas como são os golos, e não as exibições, que continuam a vencer jogos, os 'Socceroos' só se podem queixar do falhanço mais incrível de todo o Mundial, quando Kewell, perante uma baliza deserta, resolveu rematar por cima.
A abrir o dia 10 de Mundial, Croácia e Japão garantiram o segundo nulo da competição. Ambas as selecções entraram com demasiadas cautelas, impondo um futebol lento e mastigado. Com o avançar do relógio, a Croácia assumiu o jogo e tornou-se mais perigosa. O Japão equilibrou a partir do intervalo e o jogo até ganhou alguma emotividade. O resultado final acaba por ser adequado, já que os guarda-redes se sobrepuseram sempre às escassas oportunidades criadas.

domingo, junho 18, 2006

Portugal seguro chega aos oitavos

Portugal assegurou a presença nos quartos de final com uma exibição segura e convincente. Os jogadores portugueses entraram a todo o gás gás e mantiveram o Irão sob fogo permanente. Transições rápidas e constantes trocas de bola - e também de posição, com Deco a ocupar bem as alas sempre que Figo ou Ronaldo derivavam para o meio - foram lançando o pânico junto da baliza de Mirzapour. E quando isso não resultou, os remates de meia distância surgiram com naturalidade. Na segunda parte, Portugal entrou mais expectante para ver o que o Irão dava, mas passados escassos dez minutos, e perante a inacção persa, voltou à carga. Os iranianos apostaram tudo numa defesa densamente povoada, mas raramente conseguiram aplicar o contra-ataque. Exceptuando uma falha de Meira e uma tremenda fifía de Ricardo, foram completamente inofensivos. Figo, Miguel e Deco foram os que deram mais nas vistas, muito por culpa de Costinha, em quem assentou todo o equilíbrio do jogo português. Ronaldo também assinou uma exibição competente depois de ter percebido que todos saem a ganhar quando coloca a sua capacidade individual ao serviço do colectivo.
Surpreendentemente, as duas selecções que melhor imagem tinham deixado na primeira jornada entraram em auto-combustão, lançando o Grupo E numa imensa confusão.
A República Checa foi completamente dominada após entrada triunfal do Ghana. Um minuto de jogo e Appiah, Essien e Muntari já se podiam dar ao luxo de gerir o rumo da partida. E que bem estiveram. Os checos nunca conseguiram agarrar no jogo, com Rossicky muito bem vigiado, e foram sempre permeáveis na zona defensiva. Por seu lado, os ganeses apresentaram uma impressionante capacidade de recuperação de bola e mantiveram o cerco à baliza de Cech. Após a expulsão de Ujfalusi, o jogo tranformou-se num festival de oportunidades perdidas a que apenas escapou Muntari. Vitória justíssima... e escassa.
A squadra azurra entrou muito mal na sua partida e nunca conseguiu impôr o seu futebol, completamente atordoada com as rápidas trocas de bola do meio-campo norte-americano. O golo de Gilardino parecia colocar alguma água na fervura que agitava os nervos italianos, mas o auto-golo de Zaccardo voltou a aumentar a temperatura e De Rossi perdeu a cabeça. A entrada de Gattuso ainda surtiu efeito, mas por pouco tempo. Em igualdade numérica, em superioridade, novamente em igualdade e em inferioridade, os EUA mandaram sempre no jogo. À Itália valeu a ausência de um norte-americano capaz de fazer a diferença, mas também Lippi. O experiente treinador optou sempre por manter homens na frente, o que acabou por evitar uma invasão massiva da sua zona defensiva. Empate muito simpático para os italianos.
Tudo em aberto num grupo que parecia estar resolvido.

sexta-feira, junho 16, 2006

Palancas fazem história

Ao segundo jogo, Angola faz o seu primeiro ponto num Mundial e atinge a última jornada do grupo em posição de se poder qualificar, faça Scolari o favor de jogar para golear os mexicanos. João Ricardo, apesar das habituais falhas nas saídas aéreas, foi a figura do jogo. A Angola, que voltou a entrar nervosa mas teve o mérito de conseguir impôr um ritmo baixo, continua a faltar rapidez nas transições ofensivas. É que de pouco serve a eficácia defensiva quando não se é capaz de aplicar o contra-ataque. Os mexicanos entraram convictos de que a vitória acabaria por surgir naturalmente e despertaram demasiado tarde, perdendo dois pontos por culpa própria. Por outro lado, a falta de uma referência na área angolana prejudicou o seu jogo. Culpas para o polémico La Volpe.
A Argentina foi a quarta equipa a garantir presença nos oitavos de final com uma exibição que, em alguns momentos, teve laivos de genialidade. Jogadas rápidas com trocas de bola constantes, preferencialmente ao primeiro toque, arruinaram com a defesa sérvia-montenegrina. Relativamente à estreia, Pekerman deslocou Maxi Rodriguez para a esquerda e abriu Saviola sobre a direita. A opção parecia discutível, já que indiciava um inclinamento tendencial sobre a esquerda, mas o resultado ao intervalo acabou por validar a estratégia e garantir uma saudável dor de cabeça ao treinador argentino: com Saviola e Rodriguez a actuarem a este nível, como incluir Tevez e Messi no onze inicial? A segunda parte parecia vir a ser mais disputada, mas Kezman deitou por terra as pretensões da sua equipa e a Argentina, já com os dois astros em campo, pôde continuar a brindar o público com uma exibição de grande classe. Os sérvio-montenegrinos, mais uma vez, mostraram-se pouco imaginativos, muito abaixo do seu potencial. São a primeira grande desilusão deste Mundial.
A Costa do Marfim melhorou bastante em relação à sua estreia, com um meio-campo mais solto, a circular a bola com maior fluidez e com os seus jogadores a arriscarem mais na progressão com a bola controlada. A presença de Arouna Koné na frente - a garantir maior mobilidade - contribuiu para essa subida de rendimento. Ironicamente, faltou acutilância no sector atacante, onde a selecção africana teria o seu maior trunfo. Isso facilitou bastante a vida a uma Holanda que passou quase toda a segunda parte a defender a vantagem alcançada antes do resultado. Os holandeses não apresentaram a habitual segurança na circulação de bola e os golos acabaram por ser fruto de dois momentos de inspiração, aliados à ingenuidade adversária.

A bailarina regressa a Portugal

Valdo Cândido Filho é o nome do novo treinador-adjunto do Olivais e Moscavide.

Curioso...

Porque motivo precisa um dirigente desportivo de ter, segundo as suas próprias declarações, um escritório secreto?

Três apurados e mais um caminho

Alemanha, Equador e Inglaterra já estão nos oitavos-de-final, enquanto a Suécia aguardará mais uns dias para confirmar o óbvio.
A Alemanha mandou a Polónia para casa de forma justa, mas sofrida. Possivelmente mobilizados por uma rivalidade histórica, a selecção polaca apareceu mais aguerrida que no jogo de estreia e colocou grandes dificuldades ao ataque germânico. No entanto, a qualidade do seu jogo foi insuficiente para explorar as fragilidades defensivas que os anfitriões haviam apresentado frente a Wanchope e Cia. A Alemanha dominou claramente a partir do momento em que garantiu superioridade numérica, mas revelou problemas em concretizar o elevado caudal ofensivo apresentado. Uma defesa presa de movimentos e um ataque com dificuldade em desfeitear defesas mais compactas, podem ser problemas nos quartos de final.
O Equador confirmou a impressão transmitida na primeira jornada: boa organização defensiva, segurança nas transições e circulação de bola, objectividade atacante. Goleou, sem dificuldades, uma equipa demasiado ingénua para estas andanças. É, contudo, uma incógnita para os oitavos, onde, independentemente do adversário, terá um verdadeiro teste de fogo. Para já, apresenta-nos uma das possíveis revelações do Mundial: Edison Mendez.
A Inglaterra apura-se sem convencer. Prevísivel, com uma circulação de bola muito mastigada, só após as alterações de Eriksson - as que visaram as alas - se conseguiu impôr aos guerreiros do Caribe. O empate seria um castigo merecido para a equipa, mas nunca para Lennon, Downing e Beckham (colecciona passes magistrais). Eriksson tem um grande problema pela frente. 'Pela' ou 'lá na'... Crouch abusa das faltas, Owen está num péssimo momento e Rooney ainda procura ritmo. Sobra Walcott. Terá o sueco tomado as melhores opções na convocatória?
A Suécia isola-se no segundo lugar do Grupo B, após vitória suada sobre o Paraguai, que voltou a não mostrar argumentos. Os problemas de finalização dos nórdicos persistem - com uma das mais temíveis duplas atacantes da competição em branco após dois jogos - e isso tem forçado os jogadores a trabalho suplementar. Um empate, ou uma não-derrota do Paraguai, garante a passagem.

quarta-feira, junho 14, 2006

Fúria renascida?

Após ter anunciado que Raúl Gonzalez se sentaria ao seu lado no banco, Luis Aragonés ainda foi a tempo de efectuar uma inesperada revolução no onze da selecção espanhola. Albelda e Reyes foram as ausências mais surpreendentes, mas Lopez e Salgado também acabaram no banco. O certo é que a Espanha venceu e convenceu, deixando uma imagem de segurança e eficácia que raramente se associa a este país neste tipo de competições. Mas no ar, perante uma percepção de tamanha facilidade e simplicidade, fica a dúvida: a Espanha foi assim tão forte ou terá sido a Ucrânia - que nunca passou de Voronin + 10 - que se entregou nas mãos de 'nuestros hermanos'? No outro jogo do grupo, Túnisia e Arábia Saudita proporcionaram um mau espectáculo durante a primeira hora. Os últimos trinta minutos foram animados pelas mexidas dos treinadores e lá acábamos por ter alguma emoção. Deu empate, um resultado manifestamente injusto para a selecção que, no papel, menos argumentos apresentava, visto que a Túnisia, com mais experiência e melhores executantes, tinha obrigação de mostrar algo mais.
E afinal, o Brasil não é nenhum bicho-papão. Muitas dificuldades para segurar o jogo frente a uma Croácia cuja atitude competitiva escondeu grande parte das suas limitações. Ronaldo e Adriano são dois pesos-mortos na frente de ataque brasileira, o que dificulta enormemente a tarefa de Ronaldinho Gaúcho, sempre controlado por dois ou três adversários. Valeu ao Brasil a lesão de Kovac, que obrigou a equipa croata a reorganizar-se, e a inspiração de Kaká. E mesmo assim, a segunda parte foi vivida em constante sobressalto. Já no final, Robinho mostrou que, consigo em campo, a louça é outra. Apesar de tudo, o resultado é justo, já que o Brasil, fruto da sua maior capacidade técnica, criou mais oportunidades que os croatas. Nota de destaque para os adeptos croatas que fizeram uma autêntica festa nas bancadas e não se cansaram de apoiara a sua selecção. E lá surgiram as primeiras tochas no Mundial, criando uma bela imagem num sector onde se destaca uma enorme faixa da Torcida do Hadjuk Split.
A França lá insiste em não facturar num Mundial e os suiços mostram-se incapazes de aproveitar as insuficiências do adversário, transformando o seu embate num longo bocejo de 90 minutos. Por aqui, os olhos chegaram a fechar-se durante alguns períodos do jogo. Ainda assim, os helvéticos foram os que estiveram mais próximo do golo, com Barthez a defender um remate feito com... o nariz.
O Coreia do Sul - Togo foi um jogo chatinho e trapalhão nos primeiros 45 minutos, mas ganhou emoção e qualidade após o intervalo. Os africanos fizeram tudo para ganhar e acabou por ser isso a trair os seus propósitos. A jogar com menos um, o treinador do Togo manteve a aposta no ataque, esquecendo-se que do outro lado se encontrava uma equipa que faz da velocidade a base do seu jogo. Um remate expontâneo de Ahn sentenciou, de forma injusta, a partida, que ficou ainda marcada pelo primeiro grande frango do Mundial.

duas coisas

(em forma de post devido ao tamanho - originalmente era um comentário à posta do Quetzal):

1. Quando o Quetzal se refere aos EUA, dizendo que eles «estão bem preparados fisicamente e dominam o básico do jogo - passe e recepção [e controlo, acrescento eu] de bola» eu concordo, mas acrescento que "isto" chama-se "técnica".

Os Americanos são tecnicamente bons porque dominam os fundamentos básicos (que no futebol são apenas três - passe, recepção, controlo da bola) do jogo - a mesma coisa serve para jornalistas, calceteiros, gestores e pilotos de fórmula 1. São tecnicamente bons aqueles que dominam os conceitos básicos de cada actividade.

Parece-me que se confunde, demasiadas vezes, "técnica" com "habilidade". Os EUA, por exemplo, são bons tecnicamente (não sendo fantásticos) mas não são muito habilidosos.

Na minha opinião, isso acontece porque nos EUA, gostemos ou não, eles têm "escola". Os jogadores americanos são muito bem trabalhados, ensinados, têm uma boa cultura táctica (jogam em dois sistemas muito diferentes, 4-4-2 e 3-5-2, com igual eficácia) e são acompanhados por um staff técnico altamente qualificado e equipado.

Daí achar que eles não estagnaram, pelo contrário, estão em constante evolução (como é apanágio dos americanos em geral).

Vi vários jogos deles no Mundial sub-20 do ano passado e, para além de uma boa equipa, tinham dois jogadores que me ficaram na retina: Feilhaber (que foi para o Hamburgo, médio-centro "à Tiago") e Wynne (lateral/médio direito, que entretanto foi transferido para o Everton).

«Benny Feilhaber, aqui com o jersey do Hamburgo, é um médio muito bom

Para além disso, eles têm uma quantidade estúpida de praticantes (no "Desporto Escolar") o que aumenta as possibilidades de escolha, como sabemos.

Não esqueçamos também que, devido à pouca competitividade regional, as selecções jovens estão sempre presentes nas competições internacionais, com os benefícios que se conhecem.

2. A Costa do Marfim (e o Gana). Não concordo nem um bocadinho com o que o Quetzal escreveu.

O problema da Costa do Marfim é simples: falta de experiência. Só. Têm uma equipa equilibrada, com muitas opções de qualidade - mas quase todos relativamente jovens, inexperientes (é a primeira vez que estão num Mundial, por exemplo).

No jogo com a Argentina sofreram desse mal - e vão para o balneário a perder por dois, com dois golos sofridos de forma infantil e uns três ou quatro falhados... de forma infantil (Keita duas vezes, Drogba).

Em termos de qualidade a Argentina é supérflua - Riquelme, Saviola, Crespo, jogam de olhos fechados e acumulam uma experiência incomparável com a de um Boka, Yaya Touré e Zokora (que perfazem um duplo-tandem fantástico), Eboué, até Aruna e Arouna Koné.

«Duplo-tandem: Touré e Didier Zokora

Apenas Drogba e (Bonaventure) Kalou podem ombrear com a generalidade dos Argentinos. E foi aí que se fez a diferença porque em termos de "jogo jogado" ela foi mínima.

O Gana, por exemplo, não me agradou tanto - têm uma defesa insegura, um meio campo monocórdico (com dois jogadores muito bons, Appiah e Essien e outro bom, Muntari) e um ataque mole e sem opções.

terça-feira, junho 13, 2006

Os primeiros grandes candidatos

Com vários pretendentes teóricos - onde o Brasil surge à cabeça - a squadra azurra foi, com uma exibição a roçar a perfeição, a selecção que, nos relvados alemães, mais assumiu a candidatura ao título mundial. À já tradicional solidez defensiva, esta Itália soma um ataque acutilante e poderoso, sustentado num meio-campo versátil com bons indíces de recuperação de bola, agressividade q.b., segurança na posse de bola, criatividade e qualidade de passe. Um bloco coeso, onde todos desempenham um papel igualmente importante e raramente alguém se destaca. A qualidade do futebol italiano foi valorizado por um Gana que demonstrou ser a melhor selecção africana no torneio. Tacticamente, os ganeses são muito mais maduros que os seus conterrâneos, o que lhes permite apresentar um futebol igualmente perfumado mas mais competente e objectivo. Pena a ausência de avançados capazes de materializar a qualidade do seu jogo.

À tarde, a República Checa também mostrara argumentos, embora diante de um adversário mais fraco. O estádio era Genselkirchen, mas mais parecia estarmos no Westfallenstadion a assisitir à despedida de Rossicki aos seus adeptos. O novo reforço do Arsenal deu um verdadeiro recital de futebol num jogo em que os checos mostraram como se gere uma vantagem sem abdicarem de a ampliar. Os Estados Unidos, para já, parecem ter estagnado. Têm bom posicionamento táctico, estão bem preparados fisicamente e dominam o básico do jogo - passe e recepção de bola -, mas continuam a faltar jogadores que façam a diferença. Dificilmente surpreenderão com há quatro anos.

Entretanto, ao início da tarde, Hiddink protagonizou uma espectacular reviravolta. No entanto, a Austrália está longe de ser o equivalente à Coreia do Sul de 2002. A selecção até tem bons executantes mas parece sempre excessivamente dependente de Kewell e Bresciano. Do lado do Japão, Zico montou uma equipa que troca bem a bola no seu meio-campo mas falta poder de fogo.
Na véspera, Portugal entrou a ganhar e, mais importante que isso, marcou o primeiro golo do seu jogo de estreia, algo que não acontecia desde que, há 20 anos, Carlos Manuel marcou frente à Inglaterra. Na primeira parte, nada a apontar. Portugal entrou bem, marcou cedo e geriu bem o resultado, criando uma ou outra oportunidade para ampliar o resultado. Já na segunda, confiou em demasia e acabou por ser surpreendida por uma súbita ascensão angolana, magistralmente comandada por Figueiredo. É verdade que conseguiu sempre controlar as investidas angolanas, mas jogou sempre no limite do risco. Figo foi o homem do jogo e, embora se nota que o seu futebol se torna menos fluído que nas alas, mostrou que pode assumir a posição de Deco. Simão e Ronaldo estiveram abaixo do que podem fazer, situação que, no caso do madeirense, foi agravada por excessos de individualismo inconsequente. Tiago, que, pessoalmente, é a minha grande expectativa para este Mundial, esteve sempre muito nervoso e acabou por desiludir. No outro jogo do grupo, o Irão entrou muito bem no jogo e, durante toda a primeira parte, manteve o México em sentido. Quando se esperava que a segunda parte confirmasse o ascendente iraniano, a quebra física de Karimi e a acção de Rafael Márquez, que começou a surgir mais perto da área adversário, empurrando a sua equipa para a frente, tudo alterou. O resultado acabou por ser justo, embora pesado.
Ao início da tarde, teve lugar o 'Robben Show'. Um bom espectáculo, com muita ilusão e malabarismo, que a certa altura se tornou algo irritante. É a objectividade que distingue os 'artistas' das verdadeiras 'estrelas'. E Robben parece mais preocupado em armar-se em 'artista'. A capacidade individual deve ser, sempre, colocada ao serviço do colectivo e foi isso que distinguiu Maradona e distingue Ronaldinho duma enormidade de pretendententes a astros da bola. Em vários momentos, dei por mim a recordar o 'fenómeno' na sua época de estreia em Espanha. Deu inúmeros recitais de futebol, mas foram os jogos em que o Barcelona emperrou por Ronaldo querer fazer tudo e nada copnseguir, que entregaram o título ao Real. Que a Holanda não sofra o mesmo destino. A Sérvia & Montenegro foi uma desilusão. Futebol mastigado e previsível, sem um rasgo de criatividade. Ainda assim, fruto de algumas fases de sonolência laranja, tiveram as suas oportunidades, prontamente desperdiçadas por uma dupla de pontas de lança ultra-desinspirada. Os brasileiros da Europa? Só num passado muito distante.
A abrir o grupo C, a Argentina, sem Messi e Carlitos Tevez, e com um 4-4-2 que, em posse de bola, se desdobrava em 3-5-2, mostrou duas faces. Na primeira parte, uma selecção forte que impôs o jogo objectivo e de qualidade que a carcteriza. Na segunda, limitou-se a gerir a posse de bola e hesitou sempre em atacar a defesa contrária. O ponto claramente negativo foi Mascherano. Muito macio, raramente conseguiu filtrar o jogo. As poucas oportunidades dos africanos nasceram de erros posicionais do médio defensivo. Do outro lado, uma grande desilusão. A Costa do Marfim não tem futebol para sustentar o seu poderio atacante e a solução de último recurso passa por despejar bolas em Drogba. Bem sei que foi muito elogiada, mas trocar a bola sem progressão, não me seduz.

sábado, junho 10, 2006

Soca Warriors

CHULOS FILHOS DA PUTA


Sinal do M6 cortado aos 30 minutos de jogo do Suécia - Trindade & Tobago

adenda: A Sport TV tem, obviamente, todo o direito a pedir a codificação do sinal do canal francês. Sendo detentora dos direitos de transmissão excluvisa para o território português, só a ela lhe cabe decidir/negociar a cedência do sinal a terceiros. No entanto, a TV Cabo tem o dever de agir com bom senso. Afinal de contas, este era já o quarto jogo transmitido pela M6. A operadora, já que não agiu em tempo útil, precavendo estas situações, poderia ter aguardado pelo intervalo deste jogo para cortar o sinal, colocando então uma mensagem onde explicasse a sua actuação. Ao cortar o sinal quando o fez e sem dar qualquer justificação (o ecrã ficou totalmente a negro), revelou uma enorme falta de respeito pelos seus clientes. Parecem esquecer-se que praticamente oito em cada dez assinantes dão nota negativa à qualidade do serviço da TV Cabo.

As primeiras emoções

Argentina - Costa do Marfim. O primeiro jogo que me vai tornar verdadeiramente parcial, que me vai levar a dar constantes indicações para o ecrã televisivo, a gritar golo a plenos pulmões e a insultar o árbitro sempre que me considere 'roubado'. Com Portugal normalmente ausente das grandes competições, vão-se fazendo opções e criando empatias com outras selecções. A Argentina foi, desde sempre, a minha selecção por eleição (nos Europeus, normalmente substituída pela Holanda). Mas o jogo de hoje levanta-me uma grande curiosidade: o ataque da Costa do Marfim. De entre Kalou, Dindane, Arouna Koné e Keita, apenas dois, ou mesmo um, acompanharão Didier Drogba. De qualquer forma, um ataque forte e veloz, que certamente fará estragos na defesa argentina. Tem tudo para ser o melhor da primeira jornada do Mundial.



O Mundial começou sem grandes surpresas e a Costa Rica, com um futebol lento e previsivel, foi derrotada pela velocidade da equipa germânica. Ainda assim, o veterano Wanchope (merecia uma selecção melhorzita) pôs a nú as debilidades alemãs. Tenho sérias dúvidas que o país anifitrião sobreviva aos oitavos de final. O Equador, com um futebol pragamático, assente em progressões apoiadas e toque curto (embora não hesite no futebol directo quando encontra o meio-campo obstruído) e num ritmo pausado, dominou a sua partida com relativa facilidade. Tem uma defesa muito sólida (talvez a melhor do grupo) e um conjunto muito concentrado. Pode surpreender e vencer o grupo. A Polónia, mais uma vez, desilude com um futebol macio e inconsequente. A Inglaterra é, para já, uma incógnita. Entrando a vencer, limitou-se a gerir o resultado. O Paraguai foi o que se esperava. Tem uma defesa em que pode confiar e dois avançados que até poderiam dar garantias, mas que, pela inexistência de meio-campo ofensivo, se limitam a correr atrás de bolas perdidas e a produzir litros de suor. Segue-se a Suécia e prevê-se goleada das antigas. Talvez Yorke, à imagem de Wanchope, dê um arzinho da sua graça.

sexta-feira, junho 09, 2006

Está na hora!!!

Profissão: Duro

Thomas Gravesen em seis actos.











terça-feira, junho 06, 2006

UFA!

A acreditar nas notícias de ontem, Carlitos será novamente emprestado ao Vitória Futebol Clube, emblema que representou desde o início deste ano civil. É menos uma dor de cabeça... para os adeptos.

segunda-feira, junho 05, 2006

MAS SE NA LUZ (felizmente) NINGUÉM TE QUER...

O que posso adiantar é que ainda tenho contrato com o Benfica e a minha intenção é cumpri-lo. (...) Quando me transferi para o Benfica assinei um contrato válido por três anos e meio e como tal ainda me restam três anos de ligação. E espero cumpri-los. (...) No dia marcado para o regresso ao trabalho lá estarei. Sinto-me bem no clube, um dos grandes da Europa, e só lamento que não tenhamos conseguido conquistar o Campeonato.

sexta-feira, junho 02, 2006

ONTEM NOS TRÊS DESPORTIVOS

Ao mesmo tempo que parece inconsistente em muito poucos pontos, o discurso do Engenheiro é ambicioso sem ser desmedido.
Vacilou no ponto Rui Costa onde deu a impressão de ter tido uma palavra a dizer no que respeitava ao ingresso do jogador na Luz, determinou que Karagounis teria de render mais e até poderia ser titular ao lado do 10 contrariando as palavras do inenarrável Luís Campos, evitou confrontações gratuitas com o SCP e FCP, reiterou o excelente entendimento com Vieira/Veiga, manteve a ideia de que só sairá um dos nucleares Luisão-Simão-M Fernandes e que haverá lugar à entrada de pelo menos 3 reforços, considerou catastrófica uma possível eliminação na pré-eliminatória da Liga dos Campeões e quer ganhar tudo num sistema de jogo já planificado.
Entrou bem Fernando Santos.

sempre a aprender





Fernando Santos vacila entre os dois (4-3-3 ou 4-4-2 losango) e o meu coração vacilaria caso algum daqueles (ali em cima) envergasse o manto. Sonhos.

(link para entrevista com Xabi Alonso publicada hoje no Elpais)