força, garra (e qualidade)
« O "homem-equívoco" de vez em quando acerta umas
Quase tão cumpridor quanto um qualquer político em campanha eleitoral, venho hoje dissecar três conceitos fundamentais no futebol moderno: o Beto, o Beto e o Beto. Ou melhor: força, garra (e qualidade).
Enquanto observava com (relativa) atenção o Boavista-Benfica do último fim-de-semana, cheguei a uma conclusão fácil e nada inteligente - o jogador Beto, atleta do meu Benfica, é uma obra do acaso. Este ponto de vista é facilmente justificável, senão vejamos:
- o Beto é jogador de futebol, «porque é». Poderia ser lenhador, repositor, operário, escriturário. A probabilidade é exactamente a mesma.
- o Beto foi treinado (orientado?) pelo Luís Campos. Isto é, em si mesmo, uma obra do acaso.
- o Beto é assobiado pelo Terceiro Anel «porque sim». Os sócios do Benfica escolhem sempre um ódio de estimação. E quais são as outras hipóteses? Moreira? Simão? Nuna Gomes? Petit? Alcides? Manu? Podia ser o Beto, como podia ser o Fernando Aguiar ou o Robert - importa é escolher um e encher a cabeça do homem até não dar mais.
- Benfica-Sporting. Canto, bola mal aliviada, Beto olha e pensa. Erro crasso - contra o Liedson não dá para pensar. Penalty estúpido, evitável e... «sem querer».
- o Beto marcou um golo ao Manchester United «sem querer». Ele tentou ganhar um canto e a bola foi para dentro da baliza. Há gajos com sorte.
- o Beto festejou esse golo, lá está, sem querer. «E ágora, queque o Bét, faiz, não podje córrê prá gálera não». Colocou a mão no ouvido e pronto. «Schiu», disse ele.
- o Beto, em Liverpool, deixou Miccoli na cara do golo. Sem querer - caso ele tentasse dominá-la o contra-ataque seria mortífero.
- no mesmo jogo, Beto, mais uma vez «sem intenção», quase faz (auto) golo num portentoso remate de primeira, dentro da pequena área. Ele riu-se, eu vibrei, «ganda Beto caralho, mostra-lhes como não se fazem golos. Este homem é tacticamente perfeito». Pá.
- pá e vassoura(da). Como a que ele aplicou num jogador do Boavista. Recapitulemos a jogada.
«Beto pega na bola junto da sua grande área, avança com estilo e velocidade para o contra-ataque»; (passaram cinco segundos e ele não deu a bola a ninguém mas fintou e fintou-se várias vezes); «Beto TEM de soltar a bola, mas não, adianta-a de forma irreversível, foi com tudo... prriiiiiiii. Paixão marca falta. Duríiiiissimaaaa!».
Beto pisou na bola (evidente) e aviou um dos deles. Bem feito (estou na dúvida se foi o Tiago ou Paulo Sousa, caso tenha sido o primeiro, melhor) - mas foi sem querer.
- por fim, a melhor de todas. O Beto, em Barcelona, fez, na minha opinião, o melhor jogo ao serviço do Benfica. Digo isto porque a jogada que dá origem ao primeiro golo deles foi de antologia. Beto recupera a bola. Beto olha para a esquerda (e para o chão). Beto olha para o canto inferior direito. Beto não faz nem deixa fazer. Beto vê Eto'o a correr desenfreado na sua direcção (há quem chame a este acto «pressão alta», mas o Mourinho já lhes chamou «cozinheiros» por isso é melhor esta calado), tenta aliviar com a perna direita mas, num toque mágico, dá uma cueca habilidosa no camaronês - com o pé contrário e... sem querer. «É jogador de muita fantasia», pensei eu.
Beto personaliza vários conceitos interessantes para uma equipa de futebol: garra, força, solidariedade, capacidade física. Mas (há sempre um «mas») não sabe muito bem «jogar a bola».
Também era demais - ser o melhor do mundo «sem querer» não existe.
Quase tão cumpridor quanto um qualquer político em campanha eleitoral, venho hoje dissecar três conceitos fundamentais no futebol moderno: o Beto, o Beto e o Beto. Ou melhor: força, garra (e qualidade).
Enquanto observava com (relativa) atenção o Boavista-Benfica do último fim-de-semana, cheguei a uma conclusão fácil e nada inteligente - o jogador Beto, atleta do meu Benfica, é uma obra do acaso. Este ponto de vista é facilmente justificável, senão vejamos:
- o Beto é jogador de futebol, «porque é». Poderia ser lenhador, repositor, operário, escriturário. A probabilidade é exactamente a mesma.
- o Beto foi treinado (orientado?) pelo Luís Campos. Isto é, em si mesmo, uma obra do acaso.
- o Beto é assobiado pelo Terceiro Anel «porque sim». Os sócios do Benfica escolhem sempre um ódio de estimação. E quais são as outras hipóteses? Moreira? Simão? Nuna Gomes? Petit? Alcides? Manu? Podia ser o Beto, como podia ser o Fernando Aguiar ou o Robert - importa é escolher um e encher a cabeça do homem até não dar mais.
- Benfica-Sporting. Canto, bola mal aliviada, Beto olha e pensa. Erro crasso - contra o Liedson não dá para pensar. Penalty estúpido, evitável e... «sem querer».
- o Beto marcou um golo ao Manchester United «sem querer». Ele tentou ganhar um canto e a bola foi para dentro da baliza. Há gajos com sorte.
- o Beto festejou esse golo, lá está, sem querer. «E ágora, queque o Bét, faiz, não podje córrê prá gálera não». Colocou a mão no ouvido e pronto. «Schiu», disse ele.
- o Beto, em Liverpool, deixou Miccoli na cara do golo. Sem querer - caso ele tentasse dominá-la o contra-ataque seria mortífero.
- no mesmo jogo, Beto, mais uma vez «sem intenção», quase faz (auto) golo num portentoso remate de primeira, dentro da pequena área. Ele riu-se, eu vibrei, «ganda Beto caralho, mostra-lhes como não se fazem golos. Este homem é tacticamente perfeito». Pá.
- pá e vassoura(da). Como a que ele aplicou num jogador do Boavista. Recapitulemos a jogada.
«Beto pega na bola junto da sua grande área, avança com estilo e velocidade para o contra-ataque»; (passaram cinco segundos e ele não deu a bola a ninguém mas fintou e fintou-se várias vezes); «Beto TEM de soltar a bola, mas não, adianta-a de forma irreversível, foi com tudo... prriiiiiiii. Paixão marca falta. Duríiiiissimaaaa!».
Beto pisou na bola (evidente) e aviou um dos deles. Bem feito (estou na dúvida se foi o Tiago ou Paulo Sousa, caso tenha sido o primeiro, melhor) - mas foi sem querer.
- por fim, a melhor de todas. O Beto, em Barcelona, fez, na minha opinião, o melhor jogo ao serviço do Benfica. Digo isto porque a jogada que dá origem ao primeiro golo deles foi de antologia. Beto recupera a bola. Beto olha para a esquerda (e para o chão). Beto olha para o canto inferior direito. Beto não faz nem deixa fazer. Beto vê Eto'o a correr desenfreado na sua direcção (há quem chame a este acto «pressão alta», mas o Mourinho já lhes chamou «cozinheiros» por isso é melhor esta calado), tenta aliviar com a perna direita mas, num toque mágico, dá uma cueca habilidosa no camaronês - com o pé contrário e... sem querer. «É jogador de muita fantasia», pensei eu.
Beto personaliza vários conceitos interessantes para uma equipa de futebol: garra, força, solidariedade, capacidade física. Mas (há sempre um «mas») não sabe muito bem «jogar a bola».
Também era demais - ser o melhor do mundo «sem querer» não existe.
4 Comments:
Foda-se, tou para aqui a rir que nem um perdido. Grande, grande posta, Edson! E viva o Beto! :D
Bem amigo, finalmente encontro uma pessoa que gosta do Beto tanto quanto eu, fico contente , pois ja estava a pensar que eu é que estava errado, digo lhe uma coisa , esta mais que fabuloso. com o tua licenca , vou transcrever este post para o meu blog e pagar te os direitos de autor.
Não sei porquê mas no Beira-Mar este homem era um jogador diferente. Talvez ao pé dos colegas de então ele se destacasse pela positiva.
Da mesma casta e geração ainda tivémos de gramar com aquele defesa direito (tenho o nome da do cromo debaixo da língua...), cuja a única coisa de jeito que fez no Benfica foi uma finta no jogo de inauguração da Nova Luz. Uma finta que nem consegui compreender bem, ele também não, foi uma "betice" que saiu bem.
"É jogador de muita fantasia". :)))
Brilhante.
Atenção, eu aprecio o quanto o Beto trabalha e deixa em campo. Realmente, é uma pena que ele "não jogue muito bem à bola"...
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