E Pluribus Unum
O jogo contra o Leixões não me desiludiu. Pelo contrário. Após 45 minutos a insultar a família inteira do Paulo Costa, abateu-se sobre mim um desagradável conformismo. E não há nada pior que o conformismo perante os desaires. Não há nada pior do que ver um guarda-redes safar um golo à beira do final e não reagir. Ir para a 'rulóte' beber cerveja e falar de tudo menos de bola. Fazer uma viagem de carro em dia de Taça de Portugal e nem sequer estar preocupado em ouvir o relato. O Benfica estava a matar a minha paixão pela bola. Camacho também.
Em Agosto fiquei contente com o regresso do espanhol. Não porque esperasse uma equipa a jogar um grande futebol. O título já então, por mais que o coração nos vá tentando enganar com o passar das semanas, era uma miragem, fruto de uma pre-época pessimamente preparada. E depois, o que retinha da anterior experiência de Camacho passava, acima de tudo, pelo profissionalismo, rigor e honestidade do espanhol. Salvo três ou quatro honrosas excepções, o Benfica de então primava pela atitude combativa. Não existia fio de jogo, defendia-se mal, abusava-se do jogo directo e o Benfica ia sobrevivendo à conta da capacidade individual de 3 jogadores - Simão, Miguel e Tiago - e de um anormal volume ofensivo que ia dando os seus frutos. Era uma equipa que fazia lembrar um popular ditado: água mole em pedra dura...
De Camacho, portanto, esperava apenas que estancasse a hemorragia e fizesse nova transição, como há quatro anos. A sua missão era afastar o mau olhado do Nandinho, voltar a fechar o balneário - tantas vezes exposto nos tempos do engenheiro - recuperar animicamente os jogadores, enquadrar convenientemente os jovens reforços e assumir a condução de todo o futebol na ausência de um verdadeiro director desportivo. Tão só. Porque a teimosia táctica e a insistência no mesmo tipo de substituição, que me perdoem os mais distraídos, não são nenhuma novidade.
Tudo corria normalmente, ou seja, dentro das minhas expectativas, até que veio a deslocação à Ucrânia, onde o Benfica alcançou uma importante, e para mim inesperada, vitória que muito deveria ter moralizado as tropas. Sucedeu o contrário. No Restelo, frente ao Estrela, no Bonfim e frente ao Leixões - e também, pelo que li, frente ao Feirense - a apatia foi a palavra de ordem, sem que Camacho demonstrasse arte para alterar o quadro. Mas ontem, nos primeiros 45 minutos, essa atitude ressurgiu. E na segunda parte, quando o Vitória jogou aquele futebol sufocante a que nos vem habituando e os vimaranenses perceberam que ganhavam mais em apoiar a sua equipa que em insultar o adversário, foi preciso voltar a saber sofrer. E os jogadores souberam fazê-lo.
Podem vir agora dizer que o Benfica jogou mal - e jogou! - que um terço daquele 11 não tem classe sequer para ser reserva do Benfica - e se calhar não tem -, mas a verdade é que o Sport Lisboa e Benfica se rege por uma sigla que ontem foi respeitada: DE MUITOS, UM! Houve esforço, vontade, união e espírito de sacrifício. E quando isso acontece é mais fácil triunfar. Mesmo nas noites em que tudo parece que vai correr mal.
ps1- O empresário de Bergessio diz que o argentino quer ficar na Europa. Reforço o meu pedido: não se desfaçam do Gonzalo Ruben. Emprestem-no a um clube português e façam nova análise daqui a cinco meses. O Benfica não perde nada e pode ganhar muito.
ps2- Makukula, a confirmar-se, não me entusiasma. Prefiro Linz. Deste caso interessa-me outro aspecto. Camacho quer o jogador? Diz-se que é mais um negócio via gabinete de prospecção. Agrada-me pereceber que Rui Águas está de facto a trabalhar para melhorar o Benfica. Mas fá-lo sozinho ou em sintonia com o treinador principal? Ou já temos alguém a trabalhar na sombra? O Euro está à porta...
ps3- Muito se tem falado do papel presente e futuro do Rui Costa. O gabinete já está pronto. Mas dizem-nos que o Maestro ainda não o viu porque, para já, só quer mesmo jogar à bola. Assim seja.
Em Agosto fiquei contente com o regresso do espanhol. Não porque esperasse uma equipa a jogar um grande futebol. O título já então, por mais que o coração nos vá tentando enganar com o passar das semanas, era uma miragem, fruto de uma pre-época pessimamente preparada. E depois, o que retinha da anterior experiência de Camacho passava, acima de tudo, pelo profissionalismo, rigor e honestidade do espanhol. Salvo três ou quatro honrosas excepções, o Benfica de então primava pela atitude combativa. Não existia fio de jogo, defendia-se mal, abusava-se do jogo directo e o Benfica ia sobrevivendo à conta da capacidade individual de 3 jogadores - Simão, Miguel e Tiago - e de um anormal volume ofensivo que ia dando os seus frutos. Era uma equipa que fazia lembrar um popular ditado: água mole em pedra dura...
De Camacho, portanto, esperava apenas que estancasse a hemorragia e fizesse nova transição, como há quatro anos. A sua missão era afastar o mau olhado do Nandinho, voltar a fechar o balneário - tantas vezes exposto nos tempos do engenheiro - recuperar animicamente os jogadores, enquadrar convenientemente os jovens reforços e assumir a condução de todo o futebol na ausência de um verdadeiro director desportivo. Tão só. Porque a teimosia táctica e a insistência no mesmo tipo de substituição, que me perdoem os mais distraídos, não são nenhuma novidade.
Tudo corria normalmente, ou seja, dentro das minhas expectativas, até que veio a deslocação à Ucrânia, onde o Benfica alcançou uma importante, e para mim inesperada, vitória que muito deveria ter moralizado as tropas. Sucedeu o contrário. No Restelo, frente ao Estrela, no Bonfim e frente ao Leixões - e também, pelo que li, frente ao Feirense - a apatia foi a palavra de ordem, sem que Camacho demonstrasse arte para alterar o quadro. Mas ontem, nos primeiros 45 minutos, essa atitude ressurgiu. E na segunda parte, quando o Vitória jogou aquele futebol sufocante a que nos vem habituando e os vimaranenses perceberam que ganhavam mais em apoiar a sua equipa que em insultar o adversário, foi preciso voltar a saber sofrer. E os jogadores souberam fazê-lo.
Podem vir agora dizer que o Benfica jogou mal - e jogou! - que um terço daquele 11 não tem classe sequer para ser reserva do Benfica - e se calhar não tem -, mas a verdade é que o Sport Lisboa e Benfica se rege por uma sigla que ontem foi respeitada: DE MUITOS, UM! Houve esforço, vontade, união e espírito de sacrifício. E quando isso acontece é mais fácil triunfar. Mesmo nas noites em que tudo parece que vai correr mal.
ps1- O empresário de Bergessio diz que o argentino quer ficar na Europa. Reforço o meu pedido: não se desfaçam do Gonzalo Ruben. Emprestem-no a um clube português e façam nova análise daqui a cinco meses. O Benfica não perde nada e pode ganhar muito.
ps2- Makukula, a confirmar-se, não me entusiasma. Prefiro Linz. Deste caso interessa-me outro aspecto. Camacho quer o jogador? Diz-se que é mais um negócio via gabinete de prospecção. Agrada-me pereceber que Rui Águas está de facto a trabalhar para melhorar o Benfica. Mas fá-lo sozinho ou em sintonia com o treinador principal? Ou já temos alguém a trabalhar na sombra? O Euro está à porta...
ps3- Muito se tem falado do papel presente e futuro do Rui Costa. O gabinete já está pronto. Mas dizem-nos que o Maestro ainda não o viu porque, para já, só quer mesmo jogar à bola. Assim seja.
Etiquetas: campeonato
3 Comments:
Não me digas que vem ai o Sargentão...
É assim: destes, Quim, Luís Filipe, David Luiz, Edcarlos, Nélson, Petit, Katsouranis, Di Maria, Rui Costa, Maxi e Cardozo, só há um que, muito claramente, não faz ideia do que é o Benfica.
Não preciso dizer quem é, mas sei que está muito longe de 'um terço' (admito à discussão um 'Edcarlos', mesmo assim voltou a actuar bem em Guimarães e é injusto estar a fazer juízos do género).
O Camacho, ao contrário do que dizes, não abusou, nunca, de 'pontapés para a frente, muito menos de falta de fio-de-jogo' (seja lá o que isso significa).
Arrisco até que, quem diz estas coisas, das duas uma: ou não tem memória (e então deve dirigir-se a um médico, porque está doente) ou então é um 'cozinheiro' - como Mourinho caracterizou Peseiro a determinada altura, com bastante propriedade, diga-se.
Podia dar-te uma série de dados estatísticos (fora de 'opiniões pessoais', portanto) que contrariam claramente aquilo que dizes; podia relembrar algumas entrevistas e outras publicações que por aí foram dissecando o assunto.
Sinceramente, não vale a pena.
Quanto à tua preferência por Linz: será proveniente da 'preferência Miguelito', que, na realidade, é um jogador com menos classe e qualidade do que um 'El Hadrioui', por exemplo?
Eh caraças. Isso do Hadrioui é forçar a barra camarada. :D
O jogo directo sempre foi um recurso do Camacho quando as coisas não davam resultado. Não me parece que os lançamentos para Cardozo sejam uma novidade. Em tempos era o Sokota a recebê-los.
Atenção que não estou contra ele e continuo a achar que é o homem certo para este Benfica. Mas não escondo a minha desilusão prenate o último mês. Tantos jogos seguidos a jogar de forma apática são uma absoluta raridade nas equipas de Camacho.
Anónimo: não sei mas tenho um feeling
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