A nossa águia foi maior que o pássaro deles
Provavelmente por ser tão fundamentalista em relação ao Benfica, raramente tenho ido a outros estádios assistir a jogos nos quais o Benfica é a equipa visitante. Mas, há muito tempo que tinha vontade de assistir a uma noite europeia do Benfica, de preferência da Liga dos Campeões, num estádio que não a Luz. Como é óbvio, depois do sorteio, achei que esta era o jogo ideal para me estrear em jogos no estrangeiro.
Como para todos os adeptos de futebol, a expectativa de ir a Liverpool, viver todo o ambiente que rodeia estes jogos e entrar em Anfield Road era mais que muita. E, de facto, essas expectativas confirmaram-se quase por inteiro. Primeiro a cidade, que parece só viver em torno de duas coisas: os Beatles e o futebol. Se em relação à música parece existir um certo consenso, em relação ao futebol, é incrível a rivalidade entre os adeptos dos dois principais clubes. Por lá não reina o princípio do politicamente correcto, e o nacionalismo bacoco. Pelas ruas, os adeptos do Everton não se cansavam de nos incentivar e deixar bem claro os seus desejos de verem os reds humilhados. Com o aproximar do jogo, os adeptos começaram a afluir em grande número para os pubs onde reinava um ambiente fantástico entre adeptos das duas equipas. Algumas provocações, eternas comparações entre os historial das duas equipas, tudo sempre bem regado pints como manda a tradição.
Ao final da tarde, finalmente a entrada no estádio. Apesar da idade do estádio, as entradas e as revistas foram rapidíssimas, não tendo sequer ficado parado à espera para passar. Mas quando entrei no estádio, tive a única desilusão do dia, mas compreensível para quem está habituado ao estádio da Luz. Anfield parece incrivelmente pequeno, sendo constante a pergunta se cabem realmente 42 mil pessoas naquele estádio. Mas, quando os adeptos do Liverpool começaram a entrar o estádio começa a parecer tudo menos pequeno e aí começa realmente a festa. Tenho a certeza que nunca vi um ambiente assim. Então quando se começam a ouvir as 42 mil gargantas a cantar o "You will never walk alone" deixa de existir palavras para descrever o que se sente. É no mínimo arrepiante e contagiante, pois passados poucos minutos já os adeptos do Benfica cantavam em coro com os adeptos ingleses. Contudo, não me parece que seja intimidador para os adversários como é a Luz, acho mesmo que é motivador. Não é todos os dias que se joga no cenário daqueles.
Incrível também o co-habitar entre as claques dos dois clubes. Nunca ouvi os adeptos de qualquer um dos clubes a assobiar para impedir que se ouvissem os cânticos dos adversários. Mais uma vez fantástico. Depois foram 90 minutos em pé em que nunca deu para descansar. E isto numa bancada onde coexistiam as duas claques do Benfica, os clássicos adeptos do terceiro anel, ex-ministros, apresentadores de televisão e autores de séries de comédia (adivinhem lá de quem é que estou a falar). A análise do jogo, vou deixar para outro post, limito-me por agora à festa. Primeiro foram 30 minutos a desesperar, a ver a bola a bater nos postes mesmo à nossa frente, a ver bem de perto as não saídas do Moretto e as perdas de bola infantis do Nuno Gomes e companhia. Garanto-vos que o Peter Crouch ao vivo é assustador e de cada vez que o Gerard ou Kewell pegavam na bola só esperávamos que eles não a conseguissem centrar para área pois não havia maneira de ganhar uma bola de cabeça àquele gigante. Mas à medida que o tempo ia passando lá íamos conseguindo começar a respirar, nós e a equipa. Até que lá chegou aquele golo do outro mundo. Serviu para acalmar um bocado, mas acho que ninguém conseguia deixar de desejar que o jogo acabasse rapidamente. Na segunda parte, com o passar do tempo foi crescendo a convicção de que estava ganha a eliminatória e o desespero gerado pelas jogadas de perigo do Liverpool foi sendo substituído pelo desespero gerado pelos contra-ataques perdidos, quase sempre por cortes do último defesa do Liverpool. E no fim, quando os adeptos do Liverpool já iam saindo, batendo palmas aos adeptos do Benfica que iam cantado uma música acabadinha de inventar ("A nossa águia é maior que o vosso pássaro"), eis que se dá mais uma explosão de alegria para acabar tudo em beleza. Nem a uma tão curta distância do lance consegui perceber se o passe do Beto foi intencional ou não, mas o que é que isso interessa? Estava lá dentro.
Quando finalmente acabou, quase ninguém tinha voz, mas os adeptos das duas equipas ainda se puderam despedir entoando o nome da equipa adversário. Mais uma vez, algo que nunca tinha assistido. Depois, lá tivemos que esperar a meia-hora da praxe para podermos sair, só que desta vez houve lugar a brinde. A equipa do Liverpool voltou ao relvado para um treino de descompressão e brindou os adeptos do Benfica com uma salva de palmas.
No fim, mesmo com mais de três horas de atraso no regresso a casa, tinha uma certeza: valeu a pena.
Como para todos os adeptos de futebol, a expectativa de ir a Liverpool, viver todo o ambiente que rodeia estes jogos e entrar em Anfield Road era mais que muita. E, de facto, essas expectativas confirmaram-se quase por inteiro. Primeiro a cidade, que parece só viver em torno de duas coisas: os Beatles e o futebol. Se em relação à música parece existir um certo consenso, em relação ao futebol, é incrível a rivalidade entre os adeptos dos dois principais clubes. Por lá não reina o princípio do politicamente correcto, e o nacionalismo bacoco. Pelas ruas, os adeptos do Everton não se cansavam de nos incentivar e deixar bem claro os seus desejos de verem os reds humilhados. Com o aproximar do jogo, os adeptos começaram a afluir em grande número para os pubs onde reinava um ambiente fantástico entre adeptos das duas equipas. Algumas provocações, eternas comparações entre os historial das duas equipas, tudo sempre bem regado pints como manda a tradição.
Ao final da tarde, finalmente a entrada no estádio. Apesar da idade do estádio, as entradas e as revistas foram rapidíssimas, não tendo sequer ficado parado à espera para passar. Mas quando entrei no estádio, tive a única desilusão do dia, mas compreensível para quem está habituado ao estádio da Luz. Anfield parece incrivelmente pequeno, sendo constante a pergunta se cabem realmente 42 mil pessoas naquele estádio. Mas, quando os adeptos do Liverpool começaram a entrar o estádio começa a parecer tudo menos pequeno e aí começa realmente a festa. Tenho a certeza que nunca vi um ambiente assim. Então quando se começam a ouvir as 42 mil gargantas a cantar o "You will never walk alone" deixa de existir palavras para descrever o que se sente. É no mínimo arrepiante e contagiante, pois passados poucos minutos já os adeptos do Benfica cantavam em coro com os adeptos ingleses. Contudo, não me parece que seja intimidador para os adversários como é a Luz, acho mesmo que é motivador. Não é todos os dias que se joga no cenário daqueles.
Incrível também o co-habitar entre as claques dos dois clubes. Nunca ouvi os adeptos de qualquer um dos clubes a assobiar para impedir que se ouvissem os cânticos dos adversários. Mais uma vez fantástico. Depois foram 90 minutos em pé em que nunca deu para descansar. E isto numa bancada onde coexistiam as duas claques do Benfica, os clássicos adeptos do terceiro anel, ex-ministros, apresentadores de televisão e autores de séries de comédia (adivinhem lá de quem é que estou a falar). A análise do jogo, vou deixar para outro post, limito-me por agora à festa. Primeiro foram 30 minutos a desesperar, a ver a bola a bater nos postes mesmo à nossa frente, a ver bem de perto as não saídas do Moretto e as perdas de bola infantis do Nuno Gomes e companhia. Garanto-vos que o Peter Crouch ao vivo é assustador e de cada vez que o Gerard ou Kewell pegavam na bola só esperávamos que eles não a conseguissem centrar para área pois não havia maneira de ganhar uma bola de cabeça àquele gigante. Mas à medida que o tempo ia passando lá íamos conseguindo começar a respirar, nós e a equipa. Até que lá chegou aquele golo do outro mundo. Serviu para acalmar um bocado, mas acho que ninguém conseguia deixar de desejar que o jogo acabasse rapidamente. Na segunda parte, com o passar do tempo foi crescendo a convicção de que estava ganha a eliminatória e o desespero gerado pelas jogadas de perigo do Liverpool foi sendo substituído pelo desespero gerado pelos contra-ataques perdidos, quase sempre por cortes do último defesa do Liverpool. E no fim, quando os adeptos do Liverpool já iam saindo, batendo palmas aos adeptos do Benfica que iam cantado uma música acabadinha de inventar ("A nossa águia é maior que o vosso pássaro"), eis que se dá mais uma explosão de alegria para acabar tudo em beleza. Nem a uma tão curta distância do lance consegui perceber se o passe do Beto foi intencional ou não, mas o que é que isso interessa? Estava lá dentro.
Quando finalmente acabou, quase ninguém tinha voz, mas os adeptos das duas equipas ainda se puderam despedir entoando o nome da equipa adversário. Mais uma vez, algo que nunca tinha assistido. Depois, lá tivemos que esperar a meia-hora da praxe para podermos sair, só que desta vez houve lugar a brinde. A equipa do Liverpool voltou ao relvado para um treino de descompressão e brindou os adeptos do Benfica com uma salva de palmas.
No fim, mesmo com mais de três horas de atraso no regresso a casa, tinha uma certeza: valeu a pena.
3 Comments:
Deve ter sido qualquer coisa.
Clarifica-me uma dúvida: compraste a viagem "do" Benfica (a tal dos 400 e tal euros) ou adquiriste o bilhete e depois arranjaste-te como calhou para lá chegar?
Se eu quiser, dá para comprar só o bilhete para o jogo de Barcelona (sem viagem, portanto)?
A única forma de arranjar bilhete que encontrei foi comprar o pacote inteiro à Abreu. Para Barcelona deve ser mais fácil arranjar bilhetes pois devem enviar mais para o Benfica.
Como eu te invejo, camarada. ;)
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