Adeus Galrinho
Manuel Galrinho Bento é o nome do meu primeiro ídolo no mundo da bola. Jogava de águia ao peito, mas equipava normalmente de azul. E eu imaginava-o naquelas cores, mas sempre com uma capa vermelha sobre as costas. Para mim, era Christopher Reeve na tela e o Galrinho no relvado. Pequenino, como na teoria não deveria ser nenhum guarda-redes, mas forte e elástico ao ponto de parecer sobre-humano. Fazia as minhas delícias nas deslocações à Luz e provocava imensas dores de cabeça à minha mãe, que ainda hoje, a familiares e amigos, inclui a minha pancada pelo guarda-redes nas conversas sobre os meus primeiros anos de vida. Em Setúbal, onde passei a minha infância, foram várias as cabeçadas que dei na parede, fruto dos mergulhos à Bento no estreito corredor da casa, local previlegiado - vá-se lá saber porquê - para testar as minhas capacidades de guarda-redes. O meu pai não tem dúvidas. Se Quim é o meu guarda-redes preferido dos últimos anos, isso deve-se ao facto de um dia ter idolatrado Bento, o melhor dos guardiões portugueses que vi em actividade. Talvez tenha alguma razão (pela complexão física, não pela qualidade). As minhas primeiras lágrimas futebolísticas verteram ao ouvir na Bola Branca que Bento acabar de partir a perna - ou o pé, já não me recordo bem - direita no treino pos-exibição de gala frente à Inglaterra. Muito se falou de Saltillo a partir daí. Jogadores mais preocupados com dinheiro, sem vontade de ganhar. Era o que diziam. Eu ainda hoje acredito que fomos eliminados devido à ausência do capitão. Acho que é o melhor elogio que lhe posso fazer. Isso e recordar os suspiros do terceiro anel perante as exibições de Silvino e Neno. Ontem fiquei em choque quando recebi o SMS do Spinafro. Acho que ainda estou...
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