segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Drágoun!

Serviu a minha estreia futebolística na bela cidade do Porto para comprovar os factos que já me haviam sido confidenciados por amigos e para confirmar que aquela agremiação, desde que um determinado senhor se colocou à sua frente, se rege por critérios absolutamente anti-desportivos. Não fossem uns milhares de adeptos estranhos no estádio e uma equipa que se decidiu a equipar de vermelho e pensar-se-ia que o Porto iria actuar sozinho. Bandeira do Sport Lisboa e Benfica, nem vê-la. A do fêquêpê lá estava, ladeada pelas da LPFP e pelo símbolo nacional. Constituição de equipa, inexistente. Pormenores de menor importância, dirão uns, mas que para mim caracterizam na perfeição aqueles que dirigem o nosso sócio honorário. É esta cultura do ódio que nos obriga depois a presenciar episódios absolutamente ridículos. Que fique bem claro: animais há em todo o lado e qualquer adepto com pouco cuidado se sujeita a passar por dificuldades em recintos rivais. Mas em nenhum lado se sente tanta hostilidade, ao ponto de no interior do estádio ter visto um portista a insultar e ameaçar uma benfiquista que acompanhava o seu namorado, adepto da casa. Tendo eu partilhado 5 anos da minha vida com uma sportinguista que levei à Luz sempre que possível, que incentivei a levar os adereços clubisticos que quisesse e que se manifestasse sem problemas (sem entrar em provocações, obviamente), encaro estas coisas com total repulsa. Não quero, ainda assim, colar a maioria dos portistas a este rótulo. Tenho muitos amigos naquela cidade que sofrem pelo seu clube do coração num espírito de lealdade e respeito. Mas que há muito taliban que segue a cartilha do Papa à letra, há.


Filhos da puta!
Fiiiiilhos da putaaa!

Um otoverme por excelência que ainda hoje ecoa na minha cabeça e continua a causar-me riso. São violinos, música para os meus ouvidos. O Sport Lisboa e Benfica é de facto muito grande.

O jogo foi bom. Muito bom mesmo. Talvez nspirado por um dado estatístico muito particular (em 29 anos de existência, nunca o Nosso Clube perdeu no dia do meu aniversário), sentei-me naquela bancada absolutamente tranquilo. Comentei isso mesmo com o meu companheiro de viagem enquanto sorria para os outros 5 benfiquistas que nos envolviam naquela fila (curioso alinhamento clubístico em localização adversa). O Benfica entrou como se exigia, aguentou o ímpeto inicial da tripeirada e foi colocando a defesa adversário em sentido (a mera presença de Suazo, apesar do jogo apagado, fez com que o sector defensivo do Porto tenha jogado muito mais recuado que o habitual). O meio-campo do Porto jogava com muita cautela e nós apresentávamos uma serenidade algo surpreendente até. E chegou o momento em que o quarto árbitro anunciou o minuto de compensação. Reyes ajeitou a bola e senti que algo ia acontecer. É um pensamento que passa pela cabeça de qualquer adepto dezenas de vezes por época. E há sempre aquele dia em que acertamos. Foi ontem e ainda bem. Festejar um golo ali (mesmo que de forma contida) é delicioso.

A segunda parte foi encarnada. Mais concentrados, mais rigorosos, mais serenos. E pela primeira vez em meses, terminámos um jogo a controlar sem problemas, enquanto o adversário acusava a pressão deixava escapar bolas pela linha lateral. E verdade seja dita, só a inconsequência de Di Maria nos impediu de vencer. Com Aimar e Reyes isolados, o argentino optou sempre por individualizar e perder a bola. Duas situações de golo transformadas em nada.

Jesualdo lá voltou a ser avaliador de árbitros. Como repito entre amigos, é incrível como ninguém o entala numa conferência de Imprensa. Ele já era assim em Braga, na Luz ou em Alverca. O homem que diz "raramente" falar de ábitros é dos que mais os pressionam. E ninguém ousa dizer-lho na cara. Veremos o que se vai passar agora no Olival. Podem os portistas alegar que continuamos atrás e que cabia ao Benfica vencer. Nada mais falso. Foi Jesualdo quem atirou a pressão para cima da sua equipa ao descansar um 11 inteiro. E perdeu em toda a linha. Nos pontos e na vertente anímica.

Acredito que só o Benfica mereceia vencer, mas não me sinto desiludido. Este é o ponto que nos vai dar o título. Tenho dito.

O melhor em campo: AIMAR!!! Bem acompnahdo por Sidnei, Luisão, Amorim e Maxi (apesar de alguma quebra durante a segunda parte). No Porto destaco Fernando e Fucile. E Lucho. As desilusões foram mesmo os supostos desiquilibradores: Suazo e Reyes, Hulk, Lisandro e cebola. Uns mais que outros, mas todos apagadados. Semi-desilusão: Katsouranis. Muitos passes errados, que acabaram compensados pela forma como organizou a equipa em campo. Foi uma voz de comando importante.



ps- Este blogue sempre teve uma máxima seguida à risca: somos conduzidos pelos nossos humores. Assim se explica o abandono a que foi votado na recta final da Liga 07-08. O início desta época veio alterar as coisas, mas mudanças profundas no campo pessoal e profissional limitavam o tempo necessário para dar a devida atenção a este espaço. Pelo meio surgiu um convite para outro blogue, onde a espaços fui escrevendo sob outro pseudónimo (mais adequado ao espírito do espaço). É por isso provável que muitos dos textos aqui publicados surjam também no Ndrangheta. Assim, não vejam o Astutillo Malgioglio como um plagiador, mas antes como um gémeo siamês.