terça-feira, julho 11, 2006

Tetracampeões!

Inteiramente merecido o título italiano. Ao longo do Mundial, se esquecermos o desastre frente aos EUA, os italianos foram a melhor equipa, tiveram o melhor treinador a comandá-los e apresentaram o melhor jogador do torneio: Andrea Pirlo. Pura classe na forma como geriu o futebol da sua equipa! Na Alemanha, a Itália representou, na plenitude, a essência do futebol italiano, que não é o 'ultradefensivismo' estereotipado e constantemente apregoado por aqueles que nem se dão ao trabalho de passar os olhos pelos jogos do calcio. Coordenação perfeita entre o meio-campo e a defesa, seja na pressão defensiva, seja na transição atacante. Rigor e precisão na gestão do ritmo de jogo e na ocupação de espaços. Grande capacidade na posse e circulação de bola. Acutilância e eficácia na hora de visar a baliza adversária.

Na final, a Itália reagiu muito bem ao excelso mergulho de Malouda, partindo rapidamente em busca do golo do empate. Atingido o primeiro objectivo, forçou o ritmo e foi à procura da vitória, beneficiando o espectáculo. E apesar dos perigosos contra-ataques franceses, teve-a na mão, mas a barra e a ânsia de Toni, que o colocou em fora de jogo, foram más companheiras. A Itália acabou por se ressentir da excelente exibição efectuada na meia-final e o cansaço forçou o recuo estratégico. Zidane assumiu as rédeas do jogo e a França tornou-se mais perigosa. Até que chegou o momento da expulsão. A França, com medo do relógio, e a Itália, sem pernas para mais, deixaram o jogo arrastar-se para as grandes penalidades. A segunda final resolvida a partir dos 11 metros. E o herói do Euro 2000 acabou por entregar o troféu ao país que acolhe o seu talento futebolístico.

A França merecera o seu lugar nesta final. A experiência do eixo central francês foi fundamental e verificou-se, mais uma vez, no jogo frente a Portugal. Contudo, saliente-se que os franceses tiveram medo. Contrariamente a 2000 - onde Zidane fez 'gato-sapato' de uma selecção excessivamente nervosa e incapaz de gerir uma preciosa vantagem (alcançada sem saber bem como) - a França teve muito respeito por uma equipa que até jogou com 9 durante praticamente todo o encontro. Portugal acabou eliminado com inteira justiça, mas fica a ideia que Scolari contribuiu com alguma apatia. Tardou a reagir e, contrariamente ao que lhe é habitual, mexeu mal. Não se compreende a insistência em Deco, quando ao fim de 20 minutos já se percebera que aquela não era a sua noite. Faltava velocidade e entusiasmo ao ataque português e, perante a muralha defensiva adversária, um ponta de lança capaz de se envolver na construção de jogadas.

De resto, pouco há a dizer sobre Portugal. Fez um excelente Mundial e atingiu uma posição de destaque. Regressou a casa com uma pesada derrota, que, pelo que li e me contaram, não se justificava. Se a segunda parte, que não vi, foi idêntica à primeira, que segui, assistiu-se a um jogo equilibrado, com ambas as equipas a procurarem o golo, que poderia pender para qualquer um dos lados. Para azar nosso, Schweinsteiger armou-se em Sérgio Conceição e, desta vez, Oliver Khan não deu abébias...