domingo, agosto 31, 2008

Desabafo

Há intervenções que talvez mereçam uma reflexão mais profunda e sem estas coisas 'a quente', dos clássicos e dos campeonatos e dos golos que entram mas não contam e vice-versa.

Gostaria de perguntar ao 'Maisfutebol' e ao 'Correio da Manhã' se têm alguma coisa contra o Benfica? É porque se têm, devem ser sinceros e dizê-lo abertamente. Se não têm, então que se calem e limitem-se a desenvolver o seu trabalho, sem quês nem mas e com respeito pela inteligência dos leitores.

Acham normal os termos utilizados pelo João Manha, N.M.S. e Luís Sobral, no 'Correio da Manhã' de hoje, domingo, 31 de Agosto?

"Um Benfica descoordenado e sem forças".

"[O Benfica é] um adversário frágil, desorganizado e sem cabeça".

"O Benfica teve apenas uma situação flagrante para empatar".

"A falta de classe e de inteligência [do Benfica, claro]".

"[A] má preparação que terá sido ministrada na pré--temporada, com lesões musculares e cãibras a afectarem praticamente todos os elementos [da equipa do Benfica]".

E depois, em relação aquele senhor (!) que trocou o Benfica pelo FC Porco, escreve-se isto.

"Não se perturbou com o coro de assobios que, de forma esperada, sublinhou cada toque na bola. Pelo contrário, Cebola encontrou aí o estímulo para realizar uma entusiasmaste exibição. Não uma exibição continuada, mas pautada por rasgos e piques que semearam o pânico na defesa do Benfica e nas bancadas."

Uma mentira - o tal senhor (!) foi bem apanhado pelo Maxi (é um bom jogador, não me venham com merdas...) e, apesar de um ou outro momento de bom nível, não conseguiu demonstrar o seu real valor. "Entusiasmante"?

O que vale é que estes jornaleiros (nem aspas escrevo porque eles são mesmo isso, uns ardinas) acabam por ir minando a sua própria credibilidade.

O Manha passa de 'fonte' (enquanto assessor do Comité Olímpico durante os Jogos de Pequim) a 'opinador e cronista' de um dia para o outro. É tipo, hoje estou aqui e mamo mais uns trocados (que se lixe a ética e o código deontológico da profissão); amanhã volto a ser jornalista e siga o jogo.

O Luís Sobral, agora, só escreve sobre o Benfica - no 'Correio da Manhã' e no 'Maisfutebol'. Apenas tenho a dizer que o Benfica é mesmo grande, não é caro Sobral?. Pelo menos põe-nos no limbo e na boca do mundo, com sorte ainda ganhamos nome e destaque na profissão. Sempre à custa do Benfica (seus chupistas).

P.S. - Quanto ao jogo propriamente dito, ficou claro que o FC Porco está num patamar superior. Também era melhor, são tricampeões! O Benfica demonstrou que estava preparado para este jogo mas conta ainda com indefinições no plantel, jogadores a estrearem-se agora e outros que precisam de confirmar o seu talento (exemplo: Di Maria). Ao contrário dos chupadores acima referidos, Quim, Luisão, Katso (apesar das más exibições, não foi só ontem), Léo, Reyes (digo sem rodeios: gostei), Cardozo e Aimar são jogadores de classe. Yebda (reconheço: óptima exibição), Martins têm espaço para melhorar. Apesar do caminho ser difícil, esta equipa parece que vai dar-nos algumas alegrias no futuro. Parece, repito. Do lado contrário, Lucho (máquina), Lisandro (máquina), Rodriguez (com calma), Meireles e Helton são jogadores de classe. O resto - Guarin, Hulk, Sapunaru, Benitez, Fucile, T. Costa, Fernando, entre outros - espero para ver. Bruno Alves só tem classe para quem tem olhos mas não vê.

quinta-feira, agosto 21, 2008

OLYMPIC HAT-TRICK



domingo, agosto 03, 2008

8, João Pinto (cap.)

(lembrei-me deste texto a rever postas no tertúlia benfiquista, honra lhes seja feita)

Era Verão. Férias. Estava calor e Lisboa tinha um aspecto denso, abafado mas calmo e agradável ao mesmo tempo. Era Verão, repito.

Teria uns 13 anos a caminho dos 14 e aquele rapaz franzino, leve, que equipava sempre com o número 8, era agora capitão do Benfica. Artur Jorge, o pretendido, chegara no defeso para pegar num título nacional brilhantemente conquistado pelo João (foi mesmo assim, até se não existisse o célebre e incrível 3 - 6), quando ele ainda era um gajo como nós.

Um miúdo de 22 anos ou quê, igual a mim - franzino, leve, jovem. Claro que futebolisticamente falando o João Pinto tinha habilidade, sabia jogar, era dinâmico e inteligente. Fazia golos e tornava-se, naturalmente, um líder dentro de campo (pelo que jogava, sobretudo).

A transcendência e a maioridade chegaram naquele (hoje, reconheçamos com tristeza) fatídico dia de Maio de 1994. As lágrimas quase escorrem a minha face, os meus dedos. Para um adolescente de 13 anos, benfiquista de todos-os-dias, presenciar um jovem atleta do clube a arrasar por completo, quase sozinho, uma boa equipa do Sporting, em pleno José Alvalade, foi uma aparição. Um surgimento.

Desconsegui compreender aquilo, até hoje mesmo não sei que palavras hei-de empregar para uma descrição boa. Talvez tenham sido três momentos de perfeição, de atingir o céu com o pontapé numa bola.

A perfeição - parecia uma mulher de olhos sinceros, boca grossa, robusta e de perna longa. O meu '8' era assim.

(Claro que a história do João Pinto no Benfica tem uma série de outros episódios, episódios que dariam uma boa mini-série televisiva: para mim, fica a grata recordação de um homem que deu tudo ao clube. E que, de certa forma, sempre se assumiu como adulto cedo demais.

Foi prejudicado por isso - nunca deveria ter sido 'capitão' naquela altura. Não era homem o suficiente. Depois teve azar, porque apanhou o Benfica na sua era desgraçada. E aqui também não soube ser forte, porque sempre quis assumir uma força no balneário que não era sua. Depois de abandonar o Benfica (ou melhor, de ser escorraçado pelo Benfica), desinteressou-me: já tinha atingido o máximo.)